MIGUEL E SERAFINA
Pense em algodão doce, em picolé e pirulito. Isso. Picolito. Li um livro assim: bem doce, com gosto de leitura de "fazedeira".
É a história de uma boneca que vivia no armário da bagunça, mais precisamente de um menino que todo menino é, mais ainda, é uma história de amizade, da infância, da alma do brinquedo.
Isso mesmo está posto no livro de Regina Sormani, que brinquedo tem alma. Todos eles, o pé-de-chinelo, o polichinelo, o cachorrinho, o robô. O cinema atualmente diz isso. A escritora se antecipou. Mas é fazedeira de poesia e assim vai numa escrita de lã que criança de doce de leite lê. Andersen, é claro, sabia disso, que brinquedo tem alma. Aliás, ele capturou essa alma com maestria. Regina nos trouxe uma boneca lá do seus interiores.
Antes das bonecos interplanetários repletos de poderes, alguém lançou uma pergunta: "Bonecas brincam com meninos?". Brincam sim, e falam na imaginação deles, ora!, até sonham com ser gente!, melhor não realizarem esse sonho, ainda que viessem a ser bonecas de madeira.
A fazedeira, a dona artista, dedos são pensamentos mágicos. Cada pensamento um artesão. E arte são pensamentos em forma de bolotas de algodão, chumaços de amores.
Uma artista assim só poderia fazer uma boneca com os olhos de afastar quebranto.
Que livro rico! E delicioso de oralidade. De tesouros que os leitores vão descobrindo. Tesouros que existem desde o tempo do arco-da-velha.
E um arco na íris da boneca faz com que a autora enverede pelas veredas da cumplicidade com o leitor. "Cá pra nós".
Mas brinquedos viraram tranqueiras! O menino cresceu. Sendo assim, a boneca não mais falou.
Não?
Quem tece domingos deveria ler este livro. Eu li, e ele me trouxe laços de ternura, de coração de menino, de alegria de respingo de chuva na vidraça. Gostei muito de conhecer a Serafina, e também o Miguel.
Livro. MIGUEL e SERAFINA
Texto: REGINA SORMANI
Ilustrações: MARCHI
Leitor: MARCIANO VASQUES
Editora: Edições Loyola
ANO: Todos, por que em todos os anos haverá sempre uma boneca dessas, com vestidinho vermelho, e de algodão recheada.
MARCIANO VASQUES
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