SEXO É COISA SÉRIA. SERÁ?
Por Simone Pedersen
(Revista ContemporARTES. Ago. 2012)
Não é inverdade dizer que o homem sempre gostou de sexo, desde os tempos de Adão e Eva. Por muitos séculos, sexo era assunto intocável. Um segredo de estado matrimonial. Senhoras engravidavam e tentavam esconder a barriga que fofocava seus pecados. Meninas se casavam sem imaginar que seriam usadas, violadas, viradas do avesso e depois descartadas.
Prazer feminino era palavra inexistente. Só o do macho importava. Mesmo que para atingi-lo, a mulher fosse transformada em boneca inflável.
Creio eu que sempre houve um caso de amor, aqui e acolá. Talvez Adão tenha sido um homem apaixonado que dava flores para a Eva e acariciava seus lindos cabelos longos após fazerem amor, em uma ilha paradisíaca.
Nos anos 60 veio a liberalização em forma de cartela com vinte e oito comprimidos. Mulheres saíram às ruas com os seios de fora e gritaram por igualdade. Pena que a cegonha não as ouviu.
O que vimos depois disso foi uma rápida mudança no comportamento social e sexual da humanidade nos países ocidentais. De iguais passaram a dominar a relação e destacaram todos os rótulos, abolindo contratos nupciais, eliminando a obrigatoriedade do hímen e inventando novos verbos: ficar, transar, curtir, além de outros impublicáveis.
Não sei onde ficou o amor nessa história toda. Só sei que ele continua essencial em todos os relacionamentos. Casais se amam, amigos se amam, familiares se amam. Logo, sem amor não há relacionamento de verdade, principalmente quando se envolve sexo.
E o amor é gostoso, livre, desregrado. Relacionamentos formais, enjaulados, enferrujados não são banhados em amor. Sexo com amor é maravilhoso, instigante, renovável.
Dizem que um casal que nunca se separará é aquele que conversa muito sobre todos os assuntos. Ou seja, a amizade é o alicerce do amor apaixonado. Eu acredito que um casal que nunca deixará de fazer amor é aquele que conversa muito e ri mais ainda. Porque rir é sinônimo de alegria e sexo é isso: um momento de felicidade em que duas pessoas unidas em carne e espírito comungam do mesmo sentimento, criando um elo mágico, que como o vento, não se vê. E o vento não é sério. Ele está sempre dançando. Ele sempre nos faz sorrir.
Simone Pedersen é escritora associada à AEILIJ regional de S.P
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