Histórias da minha
mãe
Lembro-me de uma, em particular que ela contou várias vezes a meu pedido.
Meus avós maternos imigrantes italianos adquiriram, chegando ao Brasil uma propriedade rural na cidade de Agudos, interior do estado de São Paulo. Nesse local, que veio a ser chamado Colônia Italiana, construíram suas moradias, cultivaram o solo e iniciaram a criação de animais, para ordenha, que ficavam soltos nos pastos.
Meu avô, Fortunato Andreotti, cuidava da propriedade auxiliado pelos filhos mais velhos, como era o costume. Certa tarde, chovia muito e ele voltou pra casa exausto da lida que começava às cinco da madrugada. Minha avó, Marieta, fazia os preparativos para o jantar, ajudada pelas filhas mais velhas, como era o costume. Ali, da porta da entrada, ouviam-se os gritos do filho caçula, o pequeno Hélio.
Meu avô perguntou então:
— O que tem o bambino?
Minha avó respondeu:
— Está chorando há horas, ele quer sair para brincar lá fora, mas chove sem parar...
Fortunato Andreotti era um homem bom que amava sua família e tinha um xodó pelo caçulinha Hélio. Aproximou-se do pequeno chorão e, enxugando as lágrimas que escorriam pelo rosto do menino conversou com ele. Hélio acabou desabafando:
— Pai, eu quero ir ver as vaquinhas no pasto!
E lá foi o Hélio, no colo do paizão, debaixo de um forte aguaceiro, passear no pasto para ver as vaquinhas. Para protegê-los, apenas um velho guarda-chuvas.
É, mas a história não terminou ali, debaixo da chuva.
Minha mãe que estava lá, viu e viveu tudo isso, contou que o irmão caçula gostou tanto do passeio que não deu mais folga. Durante muito tempo, mesmo nas tardes de tempo firme, lá ia o pai dela, meu avô Fortunato, com o Hélio no colo, ver as vaquinhas no pasto...com o guarda-chuvas aberto.
Um beijo,
Regina Sormani
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