sábado, 3 de abril de 2010

Técnicas de ilustração - ed. 01- Ariano Suassuna


Olá, pessoal!

Estou inaugurando minha página de ilustração, onde comentarei várias técnicas aplicadas em artes editadas.
Nesta arte que hoje apresento, trabalhei com dois programas: Painter e Photoshop. A proposta era fazer um paralelo entre Shakespeare e o escritor Ariano Suassuna. Pensei em fazer um trabalho próximo à técnica de Velásquez e Franz Halls. Foi encomendada e publicada pela Editora Duetto como capa da revista Entre Livros.




Espero que tenham gostado.
Um abraço,
Gilberto Marchi

DOMINGO PEDE PALAVRA - 2


DOMINGO
PEDE 
PALAVRA
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A ESCADARIA E O ESCRITOR

 

O escritor não é um filósofo e nem deve se preocupar em sê-lo. Há filósofos que são escritores. Na escadaria dos espíritos necessários, ele está um degrau apenas de distância do filósofo. No mesmo degrau do poeta, um acordo firmado entre os dois, um sinal de cortesia, com certeza do poeta, um gesto solidário para com ele. Há poetas também escritores. Talvez por isso o poeta compreenda-lhe a alma, embora haja distância entre os dois, insignificante diante da distância dos que nada fizeram para estar num degrau da escadaria. Em linguagem leiga, popular, com esforço de semântica, escritor e poeta seriam uma coisa só.
O poeta, ser sedento por natureza. Sobre um retrato fiel do poeta, procurar por Eugênio de Andrade, ou então Henri Miller. Ser sedento, prioritário numa sociedade. Que seria da alma sem ele?

Poeta português Eugênio de Andrade
Reprodução


Escritor Henri Miller
Reprodução
Afirmar isso da prioridade do poeta pode ser motivo de chacota, por causa da forma como a sociedade humana se enredou. Mas quem se despi do uniforme contemporâneo e aceita a entrada dos raios no pensar, compreende perfeitamente a idéia da necessidade urgente do poeta, tal como pode ver despertada a curiosidade para com a escadaria e reparar que nela não há lugar para imobilidade e que cada um pode mudar de degraus, indo do degrau do santo para o do filósofo e assim por diante e que tudo se refere à natureza e ao esforço interior de cada um, pois ninguém é transformado num escritor, por exemplo, por ter um diploma de letras, por ser aceito numa academia ou por vender milhares de exemplares.

Santo
Reprodução

Filósofo
Reprodução

O escritor precisa do contentamento para seguir em frente, contentamento que significa a descoberta da alegria, causada pela compreensão de si como alguém com inimitável responsabilidade para com a sociedade humana. Alguém que torna o seu degrau resplandecente, lugar de paz, com paisagem e atmosfera belas e atraentes.
Não pode vacilar, pois é o que mais se aproxima do filósofo - ser em extinção, diria quem já teria dito que a filosofia não é necessária, ou substituiu faz tempo o médico de almas por curandeirismo barato.
         Não apenas pela aproximação com o filósofo, mas pela sua própria natureza, muitas vezes por ele mesmo desconhecida: natureza de fazedor de homens, de arquiteto do tempo, de ensaiador de mudanças, de farol, de amigo do homem. Essencialmente do homem, e por extensão, do mundo.
Não é um pensador no sentido filosófico do termo, mas garimpeiro das necessidades do pensamento e observador desconcertante da imobilidade. Grande testemunha do tempo. Não se trata de endeusamento do escritor, mas tentativa de retratá-lo, de compreender a sua permanência tão próxima do filósofo, na escadaria que pode ser chamada de escadaria do pensamento, caso contrário poderia nela estar o médico, o juiz, que pertencem a uma outra categoria.
Ele arranha, perfura, invade, penetra nos espaços deixados pela insensatez e oferece revestimento de inegável força para o espírito humano.
Fato que o diferencia do filósofo é que ele pode escapar do círculo acadêmico, transitar no círculo, sair fora dele, chegar ao homem simples - leigo, que simplesmente gosta de ler - e apontar os girassóis do caminho
 Não é, no sentido concreto da palavra, um revolucionário, mas o é da palavra em si, do sentido transcendente inerente a ela; idéia de revolução que está ligada à idéia de existir, apropriação da idéia chamada revolução. Idéia de embelezamento, de oficinas, cuja ferramenta é a palavra: signo da gestação.
Quando o escritor ignora sua condição natural e ocupa o tempo apenas com academias, disputas grupais, luta obsessiva pela fama e coisas do gênero, ele perde a sua essência e se torna desprovido da sua responsabilidade. Esse desprovimento é a sua maior perda.
Comete enganos, e ao enganar-se engana a sociedade humana. Pode trafegar do campo ético para o moral, do filósofo para o religioso, da literatura para a auto-ajuda, um paradoxo no sentido de que é o ajudante universal da construção da alma da sociedade e as suas catedrais brilhantes são edificadas com a matéria prima chamada vida.
É irmão do poeta no sentido de que é ser voltado para a vida, nunca para a morte, tal como o verdadeiro filósofo, que quando, equivocadamente, ignora o poeta se põe incompleto e precisa reorganizar o seu sistema de pensamento.
Aqui reside a revolução do escritor: um ser voltado para a vida, abrindo caminhos, acentuando a luz, construindo mundos, mas sua revolução será sempre a mesma, a que repousa nas bibliotecas, estantes, sebos e memória.
Ele, assim com o poeta, corre o risco de se tornar conservador e até reacionário - estados e modos do ser que nada têm a ver com a literatura, a poesia. Ou então, como muitos poetas equivocados, apenas um arranjador, um manipulador da palavra, um ocupado com a rima, com a sonoridade do verbo, sem preocupação com a essência da poesia, da literatura, transformadoras do ser – humano.
É difícil ser escritor, mais ainda poeta, pois isso sempre significará renúncia ao modo de vida de rebanho (usando expressão filosófica), desprendimento, fuga para outra espécie de vida, e também desprezo pelo saber consentido, imobilizador, além de um profundo respeito pelas intrínsecas necessidades humanas. Se compreender isso, viverá em paz e compreenderá que a sua palavra é indelével. É isso o que importa. No mais, fazer de cada degrau da escadaria, um lugar adequado para se viver, ao lado de professores, jornalistas, e outros.

Biblioteca Mario de Andrade.
Reprodução

MARCIANO VASQUES

DOMINGO PEDE PALAVRA - 2

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Sobre Páscoa, ovos de chocolate e coelhos.




Anos atrás, quando meus filhos Daniel e Raquel eram pequenos,costumávamos passar o feriado da Páscoa na nossa chácara.
Nós, os pais, pela manhã, bem cedo, escondíamos os ovos de chocolate no jardim e quando as crianças acordavam, corriam, de planta em planta a procurá-los. E quando achavam, era aquela festa!
— E o coelho, cadê o coelho? - perguntavam meus filhos.
A resposta era sempre a mesma:
— O coelho precisou ir embora depressa....ainda tem muitas entregas a fazer!
Acredito que já naquela época, as crianças sabiam que éramos nós, os pais, os "verdadeiros" coelhos, porém, gostavam da brincadeira e procuravam conservar a fantasia.
Nesta Páscoa, desejo a todos que as esperanças se multipliquem,a exemplo dos queridos coelhinhos, que as metas sejam atingidas e os sonhos, realizados.

Muitos beijos,
Regina Sormani

segunda-feira, 29 de março de 2010

DOMINGO PEDE PALAVRA


DOMINGO
 PEDE
PALAVRA




SOBRE A LITERATURA INFANTIL

DOMINGO PEDE PALAVRA
  
 
SOBRE A LITERATURA INFANTIL
 
A Literatura Infantil transmite os valores fundamentais para a criança. Fundamentais porque vêm de fundamento. É o discurso que funda, o discurso fundador. Estudiosos da Literatura Infantil sabem disso. Primeiro, que há valores que são fundamentais, que fincam as bases de uma cidadania universal. Valores que estão numa educação humanista; segundo, que a Literatura Infantil é a transmissora nata, por excelência, desses valores.
 
TATIANA BELINKY - AUTORA DE LITERATURA INFANTIL
REPRODUÇÃO
Giorgio Manganelli, que fez uma leitura reveladora de um clássico infantil, sabe disso, e todos os outros autores.
A Literatura Infantil apresenta-se como um espetáculo. Ela é, por si só, espetacular. Tudo nela converge para o espetáculo da infância. Os bichos, as paisagens da floresta, os bosques, as buscas, o “Era uma vez”.
No espaço sem figuras está escrita a história. A letra é uma outra espécie de figura, de ilustração. O que o desenho mostra ou não,  está ali, está contado ali, naquele espaço cheio de sinais imóveis para o espanto original, é lá que está a historia., que ela nasce. Os coloridos desenhos  ilustram, enfeitam. É essa a grande mágica, o despertar da curiosidade. Quando isso acontece, a criança está ganha. Ao ter a sua curiosidade despertada para o espaço da letra, ela já se tornou um leitor.
A importância da ilustração é inquestionável. Trata-se da protagonista para a criança em fase de alfabetização, pois é ela, a ilustração, que conduz a criança ao mágico mundo da história, que na letra está.
Depois, com o passar dos anos, a ilustração vai se encolhendo e ganha espaço a outra ilustração, a outra figura, feita com as letras.  A letra é outro desenho, que ocupa mais páginas.
Todos os personagens são amigos. O gato de botas, o lobo, a bruxa, a princesa, o sapo. Todos estão imbuídos de amizade que é universal. Atravessa fronteira a amizade da criança com os seres fantásticos.

 É PRECISO OUVIR O SAPO
Rospo é personagem de Marciano Vasques
 
Fantásticos porque têm a origem na fantasia. A fantasia é a vestimenta dos personagens. É a vida real que está fantasiada: Branca, Cinderela..., vestiram uma fantasia para entrar no mundo da imaginação, onde se elabora a realidade. Quando se fundem as duas é melhor, o resultado é impressionante. 
MONTEIRO LOBATO
REPRODUÇÃO
Monteiro Lobato fez isso, o homem do sítio pôs crianças de verdade convivendo com seres da imaginação. Uma fusão espetacular. Nenhum outro modelo pedagógico se aproxima do sítio. O modelo ainda inimitável de Lobato, está nesse fundir. A realidade mesclada com a imaginação capacitando a criança para a fantasia, ao mesmo tempo em que se apossa do mundo.
Na imaginação temos a realidade apresentada de uma tal forma que precisa ser decifrada. A criança precisa burilar essa imaginação para dela extrair a realidade. A chegada da criança no mundo real se dá por uma ponte inquebrantável. O trânsito original da criança rumo à realidade flui nessa ponte que é a Literatura Infantil. Tal literatura se constitui como ponte, e por ela a criança atravessa sã e aprende a governar os seus sentimentos, assim como compreender a realidade na qual vive, que ela é.
A Educação deveria observar essa função da Literatura Infantil, e rever alguns de seus conceitos, principalmente o da exatidão, no sentido da educação exata, cuja lógica converge para um saber adulto, desprovido do saber infantil: o único capaz de invadir o universo de magia e do “Era uma vez”. Talvez alguns fracassos escolares pudessem ser evitados. Ter o olhar da criança, norma número um. Norma que não normatiza, mas aproxima.
Toda ela, a Literatura Infantil, a bela Branca, se ocupa da construção do edifício ético cujas colunas da armação são formadas por aqueles valores fundamentais.

VERSÃO CINEMATOGRÁFICA DA BRANCA DE NEVE
 
A criança em contato com a bela Branca (que é multicolorida) está sendo preparada para viver a travessia que a levará para a compreensão da ciência, que é outra espécie de encantamento. O encantamento do adulto, mas que se principia na criança da travessia, quando, por exemplo,  diante de uma vela acesa que derrete. A chama da vela, a fumaça que se dissipa, tudo é um mistério que aproxima, um convite para o saber. O pente que se esfrega nos cabelos e atrai o papel picado. Enfim, trata-se do encantamento cujo nascedouro está na criança. A criança que no futuro  poderá se apaixonar pela compreensão científica, assim como ler os filósofos, qualquer um, um Montaigne, um Heidegger, um Nietzsche, enfim.
A Literatura Infantil terá existido desde os confins do tempo, na sua forma oral, na oralidade, com seus seres (dragões, etc) e principalmente, os animais.
O animal está mais próximo da criança. A sua identificação com ele é imediata e estrondosa, o animal é o outro. Ele é o ser que convive no mesmo mundo, não há diferenças de universos, e ambos precisam muito de afeto, ambos são indefesos.
O alfabeto animal a criança logo entende. Ela começa a falar pelo au, au, au...Assim ela vai identificando os seus primeiros amigos.
Grandes personagens da bela Branca são animais: corvos, lobos, raposas, coelhos, grilos falantes, e sapo. Eles estão no caminho, plena coreografia, puro cenário.
Possivelmente doutores da Educação, os que lidam ou teorizam sobre a pedagogia, os responsáveis pela organização do saber, os que fazem o movimento pedagógico, precisam ter contato com a Literatura Infantil e ouvir o que o sapo tem a dizer, antes de se transformar num príncipe.
DESENHO DE SOFIA FERREIRA
O que são os animais da Literatura Infantil? O que são as bruxas, os ogros, as fadas, os príncipes? São os sentimentos humanos, são eles que estão representados na bela Branca. O ciúme é um personagem presente em quase todas as histórias. O amor, o ódio, o medo...Todos os sentimentos humanos estão na Infantil, assumindo suas formas visíveis. É disso que trata tal Literatura: os sentimentos humanos. É através da decifração desses sentimentos que a criança se apropria da travessia. É assim que ela vai se confrontando com a realidade. É assim que ela se prepara para viver realmente.
 KIERKEGAARD - REPRODUÇÃO

Kierkegaard leu Andersen? Alguns intelectuais ficaram apaixonados pelo saber do “Era uma vez”?
Seria proveitoso para o mundo e principalmente para o universo pedagógico se todos os estudiosos pudessem dar uma espiada na Literatura Infantil.


MARCIANO VASQUES

 DOMINGO PEDE PALAVRA - TEXTO 01

sábado, 27 de março de 2010

Viva a Poesia!

Olá a todos!
Estou inaugurando uma nova página no blog: Viva a Poesia.
Pretendo postar neste espaço poesias minhas e de muitos outros amigos.
A poesia de hoje é de minha autoria e chama-se:

Travessuras no céu



O sol levantou cedinho
De bom humor,
Cheio de amor.
Queria fazer um carinho,
Secar o orvalho da terra,
Esquentar cada cantinho.
Mas, como é que ele podia?
O céu estava tão escuro
Que nem parecia dia...
O sol logo fez um furo
Numa nuvem encardida.
Buraco aqui, outro ali,
Fez cócegas na bandida
Até ela morrer de rir.
Foi aí que de repente
O céu parou de roncar,
O sol se abriu a brilhar
E a terra acordou contente.

Esta poesia foi publicada no livro Rebenta Pipoca, editado
pela Pioneira e os direitos voltaram para a autora.
Todas as poesias do livro Rebenta Pipoca, há anos, têm sido
solicitadas para publicação em livros didáticos.


Um abraço,
Regina Sormani

quinta-feira, 25 de março de 2010

Nova edição do PANDA GIGANTE



Olá, gente querida!
Acaba de sair mais uma edição do meu livro PANDA GIGANTE
editado pelas Paulinas. Ele faz parte da coleção PRESERVAR A VIDA
da qual também constam outros dois livros: MICO LEÃO DOURADO
e BALEIA AZUL. Essa coleção foi executada na técnica de colagem,
isto é: papéis de diferentes cores e texturas, sobrepostos ou
colados lado a lado. Material empregado: papel carmen, fabriano,
vergé, cola benzina, branca, estilete e tesoura.
Nosso objetivo é dar oportunidade à criança de se interessar por
essa técnica.
Dica: Uma maneira econômica de fazer colagens é utilizar recortes
de revistas usadas, papel jornal, de embrulho, etc...
Essa coleção foi ilustrada pelo Marchi.
Adaptei essas três histórias para o teatro, utilizando o Panda
como fantoche e a Baleia e o Mico como marionetes.
Já perdi a conta de quantas escolas visitei com o projeto
Teatro nas Escolas e sempre foi muito prazeroso sentir o carinho,
a participação e a alegria das crianças durante as apresentações.
Grande abraço a todos,
Regina Sormani