quarta-feira, 29 de junho de 2011

Coração de Sampa - O inverno e as flores

Marias-sem-vergonha

Ipê Rosa na chácara

Queridos amigos!

O inverno em Sampa é florido. Apesar do frio cortante das últimas semanas, as árvores exibem a roupagem colorida das suas flores. A cidade se mostra repleta de quaresmeiras ricamente vestidas com cores de festa, que vão do branco até um tom rosa exuberante. Tenho notado também, que muitos jardins residenciais guardam tesouros, como as camélias cuja brancura imaculada contrasta com o verde escuro de suas folhas. E ao lado delas, pequeninas e vistosas, florescem dezenas de marias-sem-vergonha encantadoras na sua simplicidade.
A paisagem do interior do estado também nos tem presenteado com a presença das flores do inverno. Dias atrás, eu caminhava pelo jardim da nossa chácara quando de repente, uma delicada flor de ipê rosa caiu aos meus pés. Olhei para o alto e constatei, surpresa e feliz, que, após muitos anos de espera, nosso majestoso ipê, finalmente, havia resolvido nos brindar com a beleza das suas flores. Um ipê no auge da sua florescência é, como dizem por aí "um colírio para os olhos".
Desejo que todos vocês possam curtir essas manhãs de inverno florido, misturadas ao aroma do café torrado e moído na hora. Eta coisa boa!
Um abraço apertado,
Regina Sormani

Quaresmeiras

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Mensagem


O que é a vida?

É a nossa orquestra regida por um maestro invisível. Nós escolhemos a música, o maestro escolhe os arranjos. E assim, muda todo o espetáculo.
Sofia, a cachorra que meu filho ganhou no aniversário de três anos, completou quinze há poucos meses. E não comemorará dezesseis.
Até pouco tempo, ela era forte e muitos se surpreendiam com a sua aparência jovem e saudável. Mas o tempo corrói a vida sem que notemos.
Quando não se esperava, ela demonstrou sintomas de uma doença maligna já avançada. O rabinho não mais balançava, ela não mais comia nem saía para tomar sol. Passava o dia em pé, sem conseguir andar, desabava no chão, cansada até para chegar à sua cama.
Muitos são contra a eutanásia. No caso de animais, cujos últimos dias serão apenas de dor e sofrimento, eu sou a favor do sono antecipado. A cachorrinha, sem forças para gemer, apenas murmurava seu desconforto, e quando recebeu a medicação, de tão fraco era seu elo com a vida, nem espasmos teve, imediatamente descansou, apesar dos olhinhos abertos e sua cabeça deitada sobre minhas mãos.
Dizem que Sofia era uma cachorra de sorte, ela entrava e saía de casa quando queria, nunca soube o que é um canil ou ficar acorrentada. Conheceu países. Honestamente, pergunto-me que diferença fez atravessar fronteiras de avião, quando eu não a levava a passear todos os dias, o que era sem dúvida, sua maior alegria?

Difícil não ter peso na consciência. Com o passar do tempo, seus únicos passeios eram ir ao veterinário tomar banho, o que seguramente não era sua opção favorita. Era telefonar para o veterinário que ela se escondia. Ela ficava solta em um terreno de mil metros, mas o que é esse espaço quando a liberdade está além dos muros? Como um pássaro em gaiola de ouro, Sofia era bem tratada dentro da lei do menor esforço possível.
Eu sempre preferi gatos, pela capacidade de exercer a liberdade. Mesmo assim, Sofia me amava, me recebia rebolando, me procurava quando o vento soprava ou um rojão estourava, tão amedrontada que era. Ela também tinha pesadelos e por vezes tive que acalmá-la. Mas sua passagem não era esperada tão cedo.
Assim são os animais. Eles nos ensinam sobre a vida, a morte, a dor, o amor incondicional, a alegria com tão pouco, a desnecessidade de bens materiais, a amizade e a dedicação. Fez-me pensar em quantas pessoas podem nos deixar sem tempo de despedidas, desculpas ou gentilezas, assim, como uma chama de vela que, inexplicavelmente, diminui até deixar de existir para sempre. O que é a vida? Um sopro, apenas, um sopro.

Simone Pedersen

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Técnicas de Ilustração nº15- Colagem



Olá caros amigos!
Sempre gostei de diversificar meu trabalhos como ilustrador. Ao lançar uma coleção que teria como tema animais em extinção, conversei com a Regina e ela aceitou a ideia de fazermos todos os livros com colagens. A coleção se chamou: Preservar a vida, editada pelas Paulinas. O nome do livro é Baleia Azul.
Um abraço,
Gilberto Marchi

terça-feira, 14 de junho de 2011

Almanaque Primavera em Sampa nº 2 on line

Minha gente querida!
Já está no ar o segundo número da nossa nova revista virtual.
Postei matérias a respeito de festividades juninas, footing e flerte na praça, bullying, manias do paulistano e muita coisa mais. Leiam e comentem, por favor!
http://almanaqueprimaveraemsampa.blogspot.com
Um forte abraço a todos,
Regina Sormani

Adeus a Benito Maresca

Um querido amigo nos deixou. Dia 11 de junho recebemos a triste notícia: o cantor lírico, tenor, maestro, professor de canto erudito, o cidadão paulistano Benito Maresca havia falecido. Tinha 72 anos e estava hospitalizado há vários dias.
Em 1964, com a ópera Lucia de Lammermoor, Maresca iniciou, no Theatro Municipal de São Paulo, sua carreira profissional e durante 40 anos cantou e atuou nos palcos das grandes capitais, do Brasil e do exterior e em várias cidade do interior do estado. Por diversas vezes foi aclamado como "o maior de todos os tenores brasileiros".
Sua vida, porém, não foi apenas marcada pelo sucesso na profissão. Benito era um batalhador, preocupado com a situação do músico erudito brasileiro, as escassas oportunidades de trabalho, a falta de incentivo do governo, quadro este que, infelizmente, se perpetua até hoje.
Lecionou canto erudito durante 12 anos na USP, um professor competente, orientador e amigo dos alunos, os quais tratava como filhos.
Durante os últimos anos de vida passou a dar aulas em seu estúdio, no bairro do Cambuci, aqui na capital. Chegava a ministrar até dez horas de aula por dia, para atender aqueles que o procuravam. Vários alunos de Benito se destacaram no cenário lírico do Brasil e exterior.
Alunos, amigos, admiradores e profissionais do canto estiveram na sua despedida, no velório da Rua Lacerda Franco, dia 11 de junho. Integrantes do Coral Lírico do Theatro Municipal de São Paulo cantaram a Ave Maria de Gounod, numa demonstração de carinho e respeito pelo mestre.
Tivemos o privilégio de conhecê-lo pessoalmente. Benito era uma pessoa encantadora, sempre nos recebeu com aquela sua gentileza habitual. Adeus, caro amigo, já estamos com saudades...
Um beijo eterno,
Regina, Daniel e Gilberto Marchi

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Notícias de Francisco Marins

Meus amigos!

Estivemos, na sexta, dia 03 de junho em companhia do escritor Francisco Marins, sua esposa, filho e nora. Marins, de passagem por São Paulo, nos convidou para um delicioso café na residência do filho. Ele queria falar a respeito do sucesso que seu retrato feito pelo ilustrador e pintor Gilberto Marchi está fazendo em Botucatu e vizinhança. Esse retrato está postado na seção ARTE da nova revista ALMANAQUE PRIMAVERA EM SAMPA.
Veja em: http://almanaqueprimaveraemsampa.blogspot.com




Marchi, a pedido de Marins, tocou o NOTURNO DE CHOPIN ao piano e acompanhou seu filho Daniel Marchi e a nora do escritor que cantaram o sucesso CARINHOSO de Pixinguinha e João de Barro. (nas duas fotos seguintes)









Francisco Marins foi o autor homenageado pela regional paulista da AEILIJ no ano de 2010.
Ele envia a todos os associados que participaram da Homenagem, seu carinho e um grande abraço.

Um beijo,

Regina Sormani

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Mensagem

Você comeria baratas?


O mineiro Luiz Otávio P. Gonçalves, criador da cerveja Kaiser e da água de coco Kero Coco tem um novo empreendimento, a Nutrinsecta, que se trata de uma produtora de insetos. Em março, a empresa deu um passo inédito no Brasil – pediu ao governo de MG, ao Ministério da Agricultura e ao IBAMA a certificação de que seus insetos podem ser consumidos por seres humanos. A decisão deve sair agora em junho. A produção de insetos para ração continuará como negócio principal da empresa. “Eu não seria capaz de comer uma barata, mas já experimentei larvas de besouro fritas e achei gostoso”, afirma Gonçalves. Quanto a levar baratas à mesa, ele concorda que haja uma “barreira cultural” no Brasil. Se você não vê problemas e a liberação sair até o dia 12, deixo aqui a dica de um inesquecível jantar para o Dia dos Namorados.
Eu prefiro uma fruta. Sem bichos, já que sofro de entomofobia. Sei que um inseto não pode me atacar ou devorar como um leão, mas a presença de uma barata pode me causar um ataque de pânico. Nunca gostei de acampar por ter medo dos insetos. Também nunca viajei até o Amazonas. Pescar, então, nem em sonho. Só de pensar nos mosquitos me picando, fico com as mãos suadas. Sempre fui assim. Quando criança, fui a uma fazenda pela primeira vez aos seis anos. Sou cria de cidade; São Caetano não é exatamente uma cidade grande, mas chácaras e sítios eram lugares que eu só conhecia por livros. Nessa fazenda, nós nos hospedamos em uma casa que não tinha telas nas janelas nem nas portas. Eu sonhava com esse tipo de proteção dormindo e acordada. Havia ainda uma casa abandonada, porque a construção estava condenada, e ali os morcegos fizeram uma vila. Minha prima gostava de passar pela casa e observar os morcegos. Eu,simplesmente não entrava. Para mim, morcego era um inseto gigante e pendurado de cabeça para baixo. Completando minha tortura, havia uma criação de bichos da seda. Para minha mãe e meu irmão, foram férias maravilhosas, com muito calor, ar fresco, cavalos e frutas. Mas, eu só me lembro dos insetos.
Desde então, sempre gostei de ficar em bons hotéis. Não preciso de luxo. Mas, também não gosto de nada muito simples. Tem que ter ar-condicionado para não precisar abrir as janelas. Nunca se sabe se o preço baixo da diária foi economizado no dedetizador. Já aconteceu de eu chegar a uma casa na praia alugada e ouvir a barata. Barata faz um tiqui-tiqui com as antenas que eu escuto de longe. Acendi a luz para vê-la na parede. Havia um ninho dentro do sofá da sala. Eu não consegui dormir a noite toda. Fui embora pela manhã depois de providenciar um assassinato em massa, rápido e indolor. Sim, nessas horas eu esqueço todos os meus princípios; é pena de morte sem julgamento. Pegar as coitadas e soltar no jardim de jeito nenhum! Nunca mais aluguei casas. Como atraímos o que odiamos, um dia pedi comida chinesa, e ela veio premiada com uma baratinha. O dono do restaurante me ofereceu uma nova remessa de graça. Eu joguei o telefone na parede.
Sei que tem gente que come insetos e cia. – escorpiões, gafanhotos e até baratas. Outro dia vi, aqui na frente de casa, em Vinhedo, atravessando a rua calmamente, uma barata gigantesca, diferente, cheia de anéis e pouco arredondada. Procurei na internet e encontrei a resposta: trata-se da barata de Madagascar, que se alimenta de folhas e frutas e vive em florestas. Tem mesmo um bosque na frente de casa. Minha filha de nove anos tomou a iniciativa e pisou nela, rindo da minha cara, com a maior naturalidade, enquanto eu suava frio, me apoiava no poste e rezava. Essa espécie é aquela criada em viveiros para servir de alimento. Ou criam como animais de estimação. Sim, animais de estimação. O tamanho delas chega a ser da palma da mão de um adulto em alguns países. São imensas! Pelo menos, não voam. Uma barata voadora é capaz de me deixar sem dormir por noites. Nunca se sabe onde está a companhia. As baratas andam sempre em casal. Repugnantes, mas fieis... Na semana que vem é o Dia dos Namorados, até elas devem comemorar, sentadinhas em um bolo deixado sem cobrir sobre a pia, iluminadas pela luz diáfana da lua atravessando a janela e cobrindo-as de uma aura prateada... Baratas albinas? Urgh!
Ouvi dizer que barata tem cheiro. Elas possuem uma secreção repugnante liberada por glândulas, a qual tem um odor nauseabundo característico. Nunca senti esse odor já que eu paro de respirar instintivamente quando escuto ou vejo uma delas. Existe até nome para essa minha fobia: catsaridafobia. O medo faz as coisas parecem mais perigosas do que realmente são. Sinto falta de ar, palpitação, por causa de um pequeno inseto que pode ser destruído facilmente – isso é – se formos rápidos o suficiente, é claro, porque elas são mais velozes que carros de Fórmula 1. Imagine uma barata sem cabeça driblando você... E se ela erra a direção e pensa que seu pé é a rota de fuga? Elas vivem até um mês sem cabeça e não sentem dor. Os homens dizem que é coisa de mulher. Não é não. Faça um teste, diga bem baixinho ao pé da orelha de um homem: “Querido, não se mexa, que tem uma barata subindo pelas suas pernas, e eu vou buscar o veneno lá na lavanderia”...


Simone Pedersen