quarta-feira, 28 de abril de 2010

Viva a Poesia ! As artes do vovô


Caros amigos,

A poesia de hoje, "As artes do vovô" faz parte do meu livro Rebenta Pipoca, editado pela Pioneira, cujos direitos voltaram para a autora. É uma homenagem a todos os vovôs e vovós. Ilustrações de Gilberto Marchi.
Beijos,
Regina


As artes do vovô


O vovô é bem velhinho,
Às vezes, fala sozinho.
Esse vovô é de morte,
Diz que pratica um esporte:
Ficar de papo pro ar
E dormir até roncar.
Tem hora que a coisa complica
Quando o vovozinho implica:
— Quem roubou minha dentadura?
— Quero comer rapadura!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Primeira reunião da AEILIJ SP em 28 /04/ 2010

Meus caros,
Convido a todos para a primeira reunião da AEILIJ SP (associação de escritores e ilustradores de literatura infantil e juvenil de São Paulo) da qual sou coordenadora regional. Será na Assembleia Legislativa de S. Paulo, sala Teotônio Vilela, dia 28 de abril, quarta, a partir das 19 hs. Abordaremos vários assuntos interessantes, tais como: sugestões para a indicação do autor ou ilustrador que será homenageado em 2010. A AEILIJ SP tem uma parceria com o deputado Giannazi e realiza, desde 2007 essas homenagens. Em 2007 foi a vez de Tatiana Belinky, em 2008, a crítica literária Nelly Novaes Coelho e em 2009, o dr. José Mindlin, conhecido bibliófilo. Outro assunto que deverá interessar aos ilustradores de Sampa é a possibilidade de expor seus trabalhos no parque da Água Branca, em maio, num espaço oferecido pela Praler. Os detalhes serão explicados durante a reunião. Haverá, também, um gostoso bate-papo com a Ceciliany da FTD e para encerrar, a AEILIJ SP vai oferecer um pequeno coquetel ao pessoal.
Apareçam por lá.
Abração,
Regina

sábado, 24 de abril de 2010

DOMINGO PEDE PALAVRA - 5




DOMINGO PEDE PALAVRA
                                 















Marciano Vasques
  

 A LÍNGUA NÃO TEM GOVERNO
 
  

 Pense em algo que não pode ser domesticado. Se na Língua pensou, acertou.

Quando o idioma, feito de palavras, sofre a sua primeira ameaça de controle, com certeza uma comunidade corre o risco de ser vítima de algum totalitarismo, por mais sutil que seja, por mais retórico.
Ao pensar em manipular um povo, comece por governar o “que não tem governo”, a sua oralidade, a sua Língua, a sua escrita.
A Língua não tem jeito: escoa nas feiras, nas oficinas, lambuza-se de graxa, suja-se de vida, de paixões, é livre, solta, vai pela poeira do tempo atravessando gerações.
Bacana era prostituta, hoje tem muita gente bacana (para alegria de Baco? Ou bacana, que já perdeu o fio da meada com a “orgia” faz tempo é o avesso do avesso do avesso?). Antes tinha algo a ver com o jurídico, todavia hoje quase tudo é legal, principalmente (que veio de príncipe) na fala televisiva da apresentadora de programa de televisão, (sem querer ofender a juventude, claro, que se apropriou do texto com propriedade dentro da restrição vocabular original de uma época globalizada). Caetano fundou a transa na capa de um tablóide, hoje tudo se transa.
Palavras ampliam o seu campo semântico, são filhas da época, expressões modificam-se. Quando digo “coitado” não penso mais em quem está em posição de coito, quando digo “Não vá judiar do animal!”, ao menino que atirou o pau no gato, não penso no judeu; é mesmo como o processo de catacrese, ou seja, a metáfora que se desvinculou do seu sentido original.
A palavra está presente no odor do tijolo molhado, no salto dos anterozóides após a chuva, no miosótis, nos amores profanos e nas paixões ocultas, está na queda prateada do peixe suspenso no arco da madrugada; na Praça do Pirulito em Maceió, e nas vilas que foram erguidas com luta, suor, sonhos e sangue das mulheres de cândida, de zinco, de papelão, na periferia ferida de São Paulo e está na visão deslumbrada dos artistas circenses e dos poetas notívagos.
Dos arlequins de Sampa e dos estudiosos de Hegel, dos demônios e os anjos urbanos, dos verdes dos canaviais e das mensagens cifradas dos muros pichados, ela vem clara ou pesarosa, lapidada ou brusca.
Está nas bocas e nos gritos das passeatas que rasgam as cidades, na pronúncia do ourives, na prosa dos bêbados e nos dizeres repletos de ressentimentos, quebrantos e sinas; está nos bares e na poesia, nos altares e na promessa dos amantes.
A independência metafórica é o seu estatuto, e por isso ela não pode ser, em hipótese alguma, assimilada ou constrangida por decretos, pois sua alma decreta-se na vida. A alma da palavra, o espírito dos livros, os ancestrais, os povos que não morrem, nas narrativas míticas; as histórias que as almas generosas contam para as crianças, as cantigas imutáveis. Lá está o idioma: transmitindo idéias, reflexões, ensinamentos, fugacidades e ilusões.
Nos cais, nas docas, nos tórax encharcados de boleros e nas letras das músicas dos morros, na alvorada de cartola e nas dores dos que perdem seus filhos nas manhãs do início do século XXI.
O seu significado só pode ser baixado pelo desejo de cada um. O entrelaçamento de vocabulários nasce nos guetos e nas universidades.

Não se educa por decreto, e a Língua não admite policiamento.

A coisa começa a ficar ameaçadora  quando um governo pensa que pode controlar a Língua do povo, e no horizonte as nuvens negras podem surgir.
Escritores, caleidoscópios da sociedade, são ao mesmo tempo os zeladores do tempo. Eles velam pela beleza das coisas que passam. Nada pode interferir na criação literária, pois a sua fonte e alimento, o seu nutriente e a sua eterna generosidade vêm da impossibilidade de um pássaro sem fronteiras se adequar ao conformismo das coisas que não se movem.
A Liberdade de um povo é seu tesouro primordial. Deixe que digam, que falem...




Não tem preço!

Estive hoje na Casa das Rosas que fica na Av. Paulista.
Fui assistir ao II Sarau das Poéticas indígenas. Lá, se apresentaram índios das três etnias que participaram do levante popular chamado de Cabanagem no séc.19. Assistir a tal evento, não tem preço, ou seja, conhecer pessoalmente o escritor indígena Daniel MunduruKu e ouvi-lo falar de seus antepassados, das tradições e ouvir o poeta Carlos Tiago, da tribo Sateré-Mawê declamar a poesia da floresta... Outra grata surpresa foi conhecer a educadora Juju, do povo Mura que trabalha com a rede municipal de Cotia, aqui pertinho de Sampa. Juju ensina danças do universo lúdico dos Mura aos alunos.
Pude conhecer um pouco mais do mundo indígena graças à iniciativa da curadora e antropóloga Déborah Goldenberg. Parabéns, Déborah pelo belíssimo trabalho.
Um abraço a todos,
Regina Sormani

domingo, 18 de abril de 2010

NOTICIAS DA TERRINHA

Finalmente nosso lindo cinema será reformado e restaurado!
O presidente da ADEPHA (Associação de Defesa do Patrimonio Histórico de Agudos), sr. Mauro Napoleone, divulgou o recebimento de R$500 mil, repasse feito pela Cervejaria AMBEV, através de incentivos estaduais à cultura através do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
O projeto de reforma do Cine Teatro São Paulo, também foi aprovado pelo Ministério da Educação, por meio da Lei Rouanet, que prevê destinação integral do imposto de renda devido por pessoas físicas e juridicas para projetos culturais.
"Queremos desafiar outras empresas para que invistam, já que a ADEPHA tem disponivel credito em renúncia fiscal da Lei Rouanet, que captado via imposto de renda, dá isenção total da doação, ou seja, 100% do que for doado é abatido no imposto de renda devido, até de pessoa física. É nisso que estamos nos apegando para tentar motivar outros financiadores da obra, assim como a AMBEV fez." - explicou sr. Mauro Napoleone.
O projeto de reforma, que tem um custo de R$ 2 milhões, prevê a recuperação estrutural do prédio e da fachada e construção de um palco com camarins, lan house, minibiblioteca, lanchonete e espaço para exposições.

sábado, 17 de abril de 2010

DOMINGO PEDE PALAVRA - 4

QUEM CONTA UM CONTO AUMENTA O ENCANTO
 



Levo para casa o pássaro da “menina do conto”.

No caminho ponho-me a pensar que quem conta um conto aumenta o encanto.

O conto é o encontro com o encanto.

Coisas que penso, na direção da estação do Metrô, enquanto subo a Cardeal.

Passei o dia no Instituto Tomie Ohtake.

Penso coisas diversas. Um rodamoinho em minha cabeça. Queria ser apenas poeta.

Penso no significado de elite. A palavra é muito mal usada, como uma boa parte do nosso vocabulário. Elite significa originalmente os melhores. Não é o caso quando se fala em elite brasileira. No caso trata-se, na maioria das vezes, de pessoas endinheiradas, gente que tem dinheiro. Isso não tem nada a ver com elite, que é um termo belo em sua importância. Quem menospreza a elite verdadeira é um tolo.

O que se diz que é elite trata-se de gente deslumbrada, gente com dinheiro etc, que convive numa tolice circular, de grupinhos, mantendo um padrão hipócrita que convencionou que tudo que está exposto é arte.

O pior é teimar em enfiar goela abaixo verdades confeccionadas para satisfação indefensável.

Como passei um dia inteiro vendo arte, pus-me a pensar essas coisas, e claro que tentei afastar o pensamento. Tudo que está exposto é arte. Muita coisa se diz arte e a elite empina os aplausos e os comentários. Padrão hipócrita.

Chico Buarque é elite da música popular brasileira. Está aí uma coisa certa. Ele é o melhor e está entre os melhores, faz parte da elite. Esse é apenas um exemplo. Elite no bom significado, elite querendo dizer o melhor, a nata, o que se distingue, o que destoa, não elite no sentido usual, não a desvalorização do termo, da palavra.

Quem conta um conto aumenta o encanto. Gosto das “meninas do conto”. Penso também que hoje estou muito lobatiano, penso também que é preciso ter cuidado (e nem sempre sou cuidadoso) pois afinal os impressionistas quando chegaram foram inadequadamente recebidos e penso que hoje todo mundo gosta de Renoir, penso também que não tenho estrutura suficiente para segurar um debate sobre arte contemporânea, e penso finalmente que expor o meu pensamento é uma coisa válida.


No fundo reconheço que ainda prefiro a arte acadêmica. Fico emocionado quando estou na Pinacoteca, fico emocionado diante de uma pintura a óleo, fico emocionado diante de Almeida Júnior e por aí vou...

Sei que cada um se manifesta como pode ou sabe, cada manifestação é diferente. Uns ficam calados, alguns argumentam filosoficamente e outros desenvolvem reações explosivas, e no fundo todos gostariam de se manifestar diante de uma obra de arte, mas há muito medo, muito receio de que nos chamem de ignorantes, brutos...

Talvez tenham razão: é preciso mesmo uma lapidação imensa para que todos possamos compreender e nos acostumar com a arte que às vezes não consegue nos sensibilizar, não passa pelo belo, não vive a estética do belo (há outra?), e sinto que primeiro vem o sentir, depois o racionalizar, e essa é a chave.

Só entendo por arte aquela produção que consegue me provocar, aquela que me instiga ou me toca, aquela que eu não consigo produzir, não consigo fazer, mas está lá a me provocar. Se não me provoca, se não entra pelos canais do sentir, fica difícil para mim, que afinal tenho uma educação tradicional. A educação que me faz um conservador (conservar), a educação do chamamento, aquela que atende ao chamamento, e se ele não há, o que se diz arte não tem força...

São apenas fragmentos do pensar que me invadiu na subida da Cardeal. Lembrei-me da amiga que permaneceu três anos na faculdade de artes até encontrar uma saída, uma solução, teve a sorte, o privilegio de estudar num atelier, com um solitário artista de 70 anos, talvez o último...

O pássaro da “menina do conto” é uma dobradura.


Estou feliz com uma nova descoberta: quem conta um conto aumenta o encanto!


MARCIANO VASQUES

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Técnicas de ilustração- ed-02


Olá, pessoal!
O trabalho que apresento, Monteiro Lobato, foi realizado para a revista do Círculo de Livro. Pintei com óleo sobre cartão preparado com gesso. Utilizei medium Wingel para ter maior fluidez e secagem rápida.

Um abraço,
Marchi