sábado, 21 de agosto de 2010

A casa das cinco meninas

Gente querida!

Escrevi este texto para a PALAVRA FIANDEIRA, do escritor Marciano Vasques, homenageando o Dia dos Pais.
Tenho recebido muitos elogios e pedidos dos seguidores para postar neste blog.
Muito obrigada. Então, aí está!
Beijos e um ótimo sábado para todos.
Regina Sormani


A casa das cinco meninas

Todas as vezes que o Dia dos Pais é lembrado, imediatamente, as luzes da memória se acendem e apontam para os anos felizes da minha juventude. A cidade de Agudos, no interior do estado, certo dia recebeu uma família que ali chegou e se estabeleceu, com moradia e comércio. Tratava-se de um simpático casal de libaneses: dona Talge e o Sr. Youssef Ayub e suas cinco filhas: Neusa, Neide, Filomena, Málaque e a caçulinha, a Talginha.
As meninas, nascidas no Brasil, esbanjavam alegria e eram muito queridas por todos. Logo, fiz amizade com a família e, em especial com uma das meninas, a Neide. Morávamos perto uma da outra, eu, na rua 13 de Maio e ela, na 7 de Setembro. E, por vezes, trocávamos de casa e de família. Minha amiga adorava comida italiana feita no fogão de lenha da minha mãe. Após o almoço, geralmente macarrão ao sugo com almôndegas
ou frango, ela passava horas ouvindo meu pai contar a respeito do vovô italiano que, na juventude, nadara no famoso lago de Como, perto de Milão, na Lombardia.
Mas, hoje, quero falar daquele pai libanês, o Sr Youssef. A casa das cinco meninas ainda está no mesmo lugar, em Agudos, na rua 7 de Setembro e a mais nova delas, a Talginha ainda mora lá.
Muitas e muitas vezes, nós saíamos tarde dos bailes de sábado, no Tênis Club local, acompanhadas pela dona Talge. As meninas, então, acabavam me convencendo que seria melhor que eu dormisse na casa delas. Na verdade, era uma boa oportunidade para colocar as fofocas em dia. Ficávamos conversando até o sono chegar.
Pela manhã, lá vinha o pai das meninas nos chamar para a primeira refeição. Jamais esquecerei a figura bondosa do Sr Youssef! Ele próprio preparava tudo: trazia o pão quentinho da padaria, fazia o café, arrumava as frutas na mesa e servia a melhor coalhada síria que já experimentei em toda a minha vida. As meninas sempre comentavam que todas as manhãs, durante a semana, ele montava uma linda bandeja e levava para a esposa, em primeiro lugar. Só depois de cumprir alegremente essa tarefa, aquele pai dedicado saía para trabalhar na mercearia.
Hoje, pensando nas cinco meninas e no pai maravilhoso que tiveram, percebo como fui privilegiada por compartilhar com elas o carinho paterno, ingrediente principal daqueles cafés servidos nas manhãs de domingo, há vários anos atrás, na minha juventude.



Regina Sormani

Um comentário:

Sérgio Roberto Torres disse...

Sou Sergio, e desconfio que já nos encontramos pessoalmente há muito tempo atrás, no começo da década de1970.
Imagina minha emoção, Regina.
Eu e a Neide Ayub, sua grande amiga vivemos uma história juntos! Vivemos um lindo e verdadeiramente puro amor.
Foi infinito enquanto durou
o namoro entre eu e ela.
Eu ainda estava cursando engenharia, que abandonei depois (hoje sou jornalista, editor de livros, produtor de textos especiais para livros didáticos).
Ela fazia teatro e muito bem! Dei uma colaborada com ela e a outra atriz na peça "Quarto de empregada", trabalho ganhou o primeiro lugar segundo o júri técnico no Festival de Teatro Amador do Estado de São Paulo, em 1971 ou em 1972.
Tenho muito mais a contar-lhe.
Vê se responde aos meus emails.