sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Coração de Sampa.

Amigos,


Estou abrindo esta página que irá descrever o que é, o que se passa, do que é feito o coração da nossa São Paulo. Hoje, preciso contar algo que presenciei, na tarde de sexta, dia 20, na zona sul da cidade, ao sair da estação do metrô Paraíso.


Eram 16 hs. Saí, apressadamente, da estação do metrô Paraíso e fui caminhando pelo viaduto da Bernardino de Campos com a Tomás Carvalhal, ainda relembrando fatos acontecidos na Bienal do Livro de São Paulo, onde estive coordenando o estande da AEILIJ.
Ali, na junção dessas duas ruas, a visão para a avenida 23 de Maio, lá em baixo, é panorâmica, pois as muretas são absurdamente baixas. O trânsito, na 23, num final de tarde, sexta feira, costuma ser intenso e barulhento. Naquela tarde, então, estava ensurdecedor. Notei que as pessoas se debruçavam nas muretas, gesticulando,apontando para a pista lotada de carros, ônibus, motos...e no meio do caos, o corpo estendido no chão de uma jovem loura que vestia calça jeans.
Parei. Vi, ao lado do corpo três motos da polícia, então, imaginei que tivesse sido um atropelamento. Imediatamente, alguém ao meu lado falou:
- Ela pulou!
- Está viva - eu disse! Ela está se mexendo. Consegue mover um dos braços e as pernas.
- Impossível - alguém falou. - É muito alto, tem uns oito metros...ninguém pula deste viaduto e fica vivo!
Nesse momento chegou uma ambulância e os enfermeiros, ou paramédicos, correram para atender a moça. Ela estava, de fato, viva e conversando. O trânsito, lá em baixo,
enlouqueceu de vez. Os policiais, atrapalhados, tentavam organizar, desviar os veículos. Organizar a bagunça. E a moça, ali, no chão, viva e conversando.
O que teria ela dito aos que a socorreram? Será que contou o motivo do ato desesperado?
Era flagrante a surpresa das pessoas. A moça pulara, de uma altura considerável, tentara se matar e continuava viva. Os socorristas colocaram a moça loura na maca e a carregaram para a ambulância.
Os curiosos começaram a se afastar. Uma senhora que havia visto a cena toda, muito nervosa, começou a contar:
- Ela gritou para o namorado: - Olha que eu vou pular! E pulou mesmo. O rapaz saiu
por aí, em disparada, com medo. Nem foi lá, socorrer a coitada.
- Foi por causa de homem? - perguntou uma outra- Homem é igual biscoito, come-se um e aparecem mais dezoito.
Um senhor, muito sério encerrou o caso declarando:
- A pessoa só morre na hora certa. A hora dela ainda não chegou, foi isso.

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