Estava eu, apressada como sempre, no supermercado Yayá, comprando frutas e legumes numa quinta-feira pela manhã, ou melhor, tentando colocar as tais frutas e legumes num carrinho O dono do supermercado instituiu que terças e quintas seriam "dias de feira", então, a disputa é grande e desleal. Formam-se filas de carrinhos abarrotados de pencas de bananas, repolhos, brócolis pelos corredores do supermercado e fica difícil até de respirar. Enfim, no meio da confusão de mãos apalpando mamões e tomates, disputando pés de alface, até que eu estava me saindo bem, sem contar alguns pisões no pé. No meio desse tumulto, surgiu uma senhora loura e alta, usando brincos de argola vermelhos e imediatamente sorriu pra mim com dentes enormes. Sorri também, pensando que talvez ela me conhecesse, embora não me lembrasse dela. Ela puxou conversa, falando sobre o aumento dos preços, do achatamento do salário, coisas desse tipo. Papo vai, papo vem, ela perguntou:
- Viu na televisão a reportagem sobre o leite tipo B?
Eu não tinha visto e ela se admirou, até ficou meio alterada:
- Como, não viu? A gente tem que ficar por dentro! A senhora não está por dentro? Eu acompanho tudo mesmo. Ninguém me engana.
- Acredito, respondi- louca de vontade de sair dali- a senhora faz muito bem!
Diante do incentivo, a loura alta se acalmou e falou em alto e bom som:
- Os fiscais da Vigilância Sanitária descobriram que no leite B tem cuneiformes fetais.
Por um instante fiquei muda, mas, resolvi não deixar barato:
- Não seriam coliformes fecais?
- Nossa!- ela respondeu admirada- Isso também? É por isso que eu digo: tem que ficar por dentro!
sexta-feira, 15 de julho de 2011
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