domingo, 7 de agosto de 2011

Memórias do fusca Zé - A charanga

Eu voltava da minha chácara, neste domingo, pela rodovia Castello Branco em direção à capital, quando no meio do trânsito infernal da volta pra casa, um fusca branco passou por nós.
Na mesma hora, lembrei-me do fusca Zé, de cujo número da chapá: 0033 jamais me esqueci.
Quando saí da minha cidade natal, Agudos,lá no interior do estado, vim para Sampa em companhia de três amigas, as irmãs Neide, Neusa e Filó Ayub. Elas trouxeram o Zé, um simpático fusquinha que nos transportava pra todo lado, o que era muito prático, diga-se de passagem
Uma vez ao mês, costumávamos ir à terrinha, visitar nossas famílias e certa tarde saímos de São Paulo, a bordo do fusca. Íamos pela Castello Branco, com a Neusa no volante, as quatro tagarelando e rindo, quando perto do Ceasa fomos abalroadas por uma charanga caindo aos pedaços. O condutor, embriagado, havia tentado nos ultrapassar e, não conseguindo nos fechou. Fomos parar no acostamento, felizmente sem nenhum ferimento, apenas atordoadas e amedrontadas. E lá veio ele, o autor da façanha, em nossa direção, cambaleando. Ele deixara a charanga no meio da rodovia atrapalhando o trânsito e veio pra cima de nós, em meio ao buzinaço. Saímos do fusca e ficamos ali, paradas pra ver o que ia acontecer.
- Moça! Oopa! Nossa estou vendo quatro! Com quem eu tô falando?
Neusa, a mais velha, se adiantou e respondeu:
- Pode falar comigo! O senhor sabia que fez uma manobra errada e tirou a gente da estrada?
O senhor é um irresponsável! Podia ter causado um acidente. Vai ver que nem tem carteira de habilitação.
- Ora, mas como foi que você adivinhou? Eu tava indo tirar a carteira, mas, fui atropelado...
- Meu senhor, nada aconteceu com o seu....veículo, nem com o meu foi só um arranhão na pintura, então, vamos encerrar esta conversa.
- Nã, nã, não, nada disso. Olha, a lataria do meu carro foi tandificada, dan...sei lá, estragou do lado da porta.
A Neusa, percebendo a confusão do homem e sentindo de perto o bafo de pinga, resolveu fazer uma proposta:
- Então tá bom, meu senhor. Vamos fazer o seguinte: o senhor paga o meu prejuízo e eu pago o seu. Combinado? O senhor não tem habilitação, se chamar a polícia vai se dar mal.
- Polícia, nem pensar... vamos fazer qualquer coisa.
- Quanto o senhor quer pelo prejuízo?
- Hammmm....hã....uns 20 mangos. Já dá pra tomar umas quatro cervejas.
- É, eu também -falou a Neusa- estava pensando em 20 reais.
- Que conheci- conhedicência! Você também vai tomar umas cervejas? Então tá feito! Eu te dou a grana e você me devolve...fica tudo certo.
Depois de tudo acordado, tudo ficou na mesma.
O homem voltou à estrada, subiu na charanga e foi embora. Seguimos viagem, aliviadas e ao chegarmos ao nosso destino contamos e recontamos a aventura aos amigos e parentes.

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