BLOGAR É A ETERNA NOVIDADE
Não apenas a Luluzinha no gibi, mas as meninas faziam os seus diários. Era coisa de menina. A poesia também. Era difícil o masculino dizer que gostava de poesia. O tempo passou, sempre passa, e as coisas mudaram. Veio a blogosfera, e com ela o blog. Que encantou a multidão, e hoje, dizem, perde terreno para outras ferramentas na Internet. O jovem está preferindo as redes sociais e os microblogs. Desde o caseiro ORKUT até ao FACEBOOK, a migração está realmente acontecendo. Mas o blog continua com os amantes da escrita.
Se para novas gerações, ele está sendo esquecido — pela meninada de até 18 anos, que prefere as redes sociais, que são mais fáceis de administrar e também não exigem o compromisso com a palavra e com o fazer, da forma como é imperativo no blog, — para os mais exigentes e compromissados com a expansão do intelecto é diferente; pretendem continuar onde estão, participantes de uma elegância composta por uma miríade de artistas, poetas, escritores e gente que tem contribuições.
Muitos demoraram para entender o conceito e o sentido do blog. Uma escritora de Literatura Infantil num país latino fundou um e passou a divulgar numa lista de escritores, que ela tinha em seu blog um admirador secreto. Enquanto fazia isso com tanto entusiasmo e vaidade, eu me punha a pensar até onde o ser humano pode ir.
O blog é um mundo, um universo, onde milhões de blogueiros mantém acesa a chama luminosa de uma incomparável corrente na história humana, de divulgação de ideias, de entrelaçamentos de poesia e de palavras, de agilização da comunicação, e outras mais. Ainda tem quem o use apenas como um diário ou uma ferramente exclusiva para divulgar a si mesmo. Precisam de um tempo para compreender que o blog se liga intimamente ao outro e à impressionante corrente humana que virtualmente embeleza o planeta e aquece os corações, fazendo chegar de forma mais rápida a arte e as palavras que o mundo tece.
Quem apenas faz piadas ou anuncia bobagens e trivialidades de seu cotidiano realmente deve mudar de ferramenta. O blog não cabe mais nesse "espaço mental". Melhor ir contaminar as redes sociais. twitter e as redes estão, infelizmente, assumindo esse aspecto de diário que esteve na origem do blog.
As transformações no pensar estão vertiginosamente acontecendo. Câmera, webcam..., estão substituindo a escrita, mas, acreditem, quem aprecia escrever e faz disso a sua razão de estar no mundo, irá migrar para o blog, que só tem a ganhar em especialização e em lapidação.
Poetas que têm o seu blog apenas para "aparecer" sem se abrir para o outro, e sem irmanar a sua arte com a arte que se produz, sem pôr o seu livro numa corrente onde outros livros, de outros autores circulam sem que um tente anular o outro, esses poetas tendem a desaparecer nesse universo de blogs, e deverão permanecer "famosos" na fidelidade de seus seguidores num fechado grupinho de amigos. Tudo isso é passageiro. A "fama" que não se abre é efêmera, logo se dilui, esvanece.
E a imprensa de papel e os editores de mente aberta já estão valorizando a tendência de reconhecer no blog uma extraordinária ferramente de divulgação cultural.
Blog é um antídoto contra a preguiça e não tem público pronto. Manter um é trabalhoso. É preciso escrever diariamente. E quem não gosta de fazer isso, deve migrar mesmo. O blog assim irá aos poucos se transformar para algo melhor. Os dias de blogar não estão chegando ao fim, ao contrário, esse ato será cada vez mais interessante.
Tudo que é novidade se espalha no ar, e o blog enquanto novidade, atraiu milhares e milhares de pessoas... Depois que deixa de ser novidade, naturalmente vai perdendo o interesse. Mas isso é um equívoco, pois essa ferramenta é justamente para os que têm o olhar repleto da eterna novidade do mundo.
MARCIANO VASQUES
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