domingo, 23 de janeiro de 2011

DOMINGO PEDE PALAVRA - 44

O CARNAVAL E A MULHER



O autor angolano Valter Hugo Mãe, que estará na próxima FLIP, nos fala em entrevista ao "Estadão" de estigmas sociais que sobrevivem até hoje e a dignificação como um problema de gênero.
Argumenta sobre o poder da mulher, quase sempre sensual e muito objetificado. O preconceito social que permite ao homem toda devassidão e agressividade.
Lembro-me também do ator Pedro Cardoso falando da perversidade masculina.
Falando em mulher, um ministro do governo anterior, e também passado,  travou uma quixotesca batalha com um artista popular. Perdeu. Entre um pagodeiro e um ministro, quem mais força tem em nossa República?
O ministro não aceitava que um ídolo de forte apelo popular, inclusive entre crianças e jovens, fizesse propaganda de cerveja de forma tão descarada. Pois bem.
A mulher como objeto, coisificada, como fonte de prazer do homem, sensual e vazia, devassa, sem cérebro, só corpo, foi apresentada nas propagandas da bebida, da forma como convém ao pensamento machista e ao espírito dominante.
No caso do artista popular, o agravante não era esse, mas mim a tentativa de transformar um dia da semana, de trabalho e estudo, em dia de cerveja. Bem. Que seja assegurada a supremacia e a superioridade do homem, e que a mulher seja apresentada como objeto apenas, é deveras interessante e ajuda a vender um produto também associado ao prazer.
Ocorre que, independente do álcool, muitos homens estão sim batendo em suas mulheres em casa, e alguns ameaçando em público. E elas estão apanhando sim, e cada vez mais. Por mais incrível que possa parecer, esse retrocesso se agrava a cada dia em nosso tempo de tantas "liberdades". É o espírito da "velha República" que ainda prevalece na mente (mente?) de muitos "donos" de mulheres.
Digo tudo isso porque o carnaval este ano irá cair no Dia 8 de Março, o "Dia Internacional da Mulher", disseram-me.
Como não costumo olhar para os calendários, talvez pela saudade das folhinhas que via penduradas em todos os lugares, como barbeiros, açougueiros, farmácias...Talvez por isso presto muita atenção no que as pessoas dizem, e alguém falou mesmo em 8 de Março.
Como se comportarão os carnavalescos com relação à mulher? Vamos aguardar para ver.

Minha casa, bem sabem, é um templo aberto, um local de circulação de amigos. Nela, as três gerações se encontram diariamente: a criança, o jovem e o adulto.
E foi na ciranda da minha casa que ontem eu disse a um amigo que tem um filho de sete anos e está preocupado com a educação e o futuro dele.
Ponha em suas mãos livros de Literatura Infantil, e gibis.

MARCIANO VASQUES

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